sábado, 30 de janeiro de 2010

Picasso's Guernica

Lena Gieseke atualizou e trouxe para o nosso tempo essa fantastica obra de Picasso, concretizada a partir de uma reacao de imensa emocao do artista frente ao sofrimento humano. Com isso a artista consegue recarregar de emocao e trazer o artista para dialogar com os conflitos e a matanca que acontece nos nossos dias.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

I Met The Walrus

In 1969, a 14-year-old Beatle fanatic named Jerry Levitan, armed with a reel-to-reel tape deck, snuck into John Lennon's hotel room in Toronto and convinced John to do an interview about peace. 38 years later, Jerry has produced a film about it. Using the original interview recording as the soundtrack, director Josh Raskin has woven a visual narrative which tenderly romances Lennon's every word in a cascading flood of multipronged animation. Raskin marries the terrifyingly genius pen work of James Braithwaite with masterful digital illustration by Alex Kurina, resulting in a spell-binding vessel for Lennon's boundless wit, and timeless message.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Jack Skellington e a força do Desejo de Um

Quem foi criança na década de 1990 não conseguiu escapar dele. Sílvio Santos (ou o diretor de programação do SBT à época) fez questão de reprisar todo 31 de Outubro esse filme no Cinema em Casa. Não era pra menos. Apesar de perder MUITO com a versão dublada, Tim Burton´s Nightmare Before Christmas (O Incrível Mundo de Jack, 1993, Dir./Prod./Criação de Tim Burton) merecia mesmo ser imprimido na mente das crianças brasileiras, que se tivessem educação suficiente pra terem aprendido a raciocinar em cima do filme aprenderiam muito. Infelizmente não é o caso da maioria da nossa população que sofre com os direitos que nós oferecemos. Mas agora, já velho e decrépito, eu re-vi o filme e me choquei com a genialidade de Tim Burton. O Trailer já anuncia que “...from the sick mind of Tim Burton comes this movie...”, mas o resultado dessa operetta é realmente impressionante, epistemológico e sociologicamente maravilhoso.

O filme conta a história de um lugarzinho bastante peculiar: A Cidade do Halloween, onde habitam todos os montros-do-armário e bichos-papões que deveriam estar habitando nossas fantasias de criança. Neste mundo o indivíduo mais famoso e bem sucedido é Jack Skellington, um esqueleto hammeletiano que assusta melhor do que todos os outros montros de debaixo-da-cama.

Skeleton Jack might catch you in the back

And scream like a banshee

Make you jump out of your skin

This is Halloween, everyone scream

Wont' ya please make way for a very special guy

Our man jack is King of the Pumpkin patch

Everyone hail to the Pumpkin King

A primeira cena mostra o final de mais um Halloween bem sucedido, com todos comemorando os diversos tricks que conseguiram aplicar, sem ganhar nenhuma candy (afinal, não é isso que importa nessa sociedade – repare bem nisso). Já na segunda cena acontece O Lamento de Jack – ato em que ele deixa claro que está cansado de fazer a mesma coisa todo ano e que quer largar sua coroa, pois sente que nada disso o preenche por completo. O Lamento deixa claro que Jack procura algo que infle novamente sua vontade de viver – será esse algo mais poder ou mais amor?

But who here would ever understand

That the Pumpkin King with the skeleton grin

Would tire of his crown, if they only understood

He'd give it all up if he only could

Oh, there's an empty place in my bones

That calls out for something unknown

The fame and praise come year after year

Does nothing for these empty tears

No terceiro ato Jack sai a vagar pela floresta em busca de alternativa para sua agonia. A idéia da floresta já é bastante manjada né....árvores infinitamente altas, uma neblininha e uma crise de meia idade já foi cenário de passagem de Fausto e de Dante encontrarem as respostas pra suas angústias com Virgílio ou Mephistópheles muito tempo antes da animação digital, da stop-motion ou da sick mind of Tim Burton. Mas beleza. Depois de vagar a noite inteira por entre as árvores, com seus trinta e três anos, sua fama e conhecimento, Jack se depara não com um poeta grego ou com o Satanás, mas com diversas portas. Essa cena é interessante, e (o Blogildo frisou isso num comentário que eu não tinha me ligado)essa cena mostra as árvores e uma disposição alusiva às seitas pagãs antigas, enquanto que nas mesmas árvores estão marcadas com símbolos dos feriados cristãos. É a sick mind de Tim Burton nos lembrando o enraizamento pagão em toda a cultura cristã...e esse é um ponto que tb leva à reflexão: Como uma certa cultura fala mal dos elementos sobre o qual ela se enraiza? (mas esta reflexão, e o por quê deste fenômeno acontecer em todas as culturas conhecidas, tem de ser deixado pra outro momento de divagação...)

A curiosidade aguça, o espírito se inflama.

Jack escolhe, então, abrir a porta da Cidade do Natal. Ele é atraído pois esta representa aquilo de mais oposto ao seu mundo: é um desenho muitíssimo colorido, com contornos estranhos e texturas totalmente diversas. Jack entra na Cidade do Natal e é imediatamente capturado emocionalmente por tudo aquilo. Ele se apaixona a primeira vista por toda aquela felicidade, beijos, tortas, cheiros, presentes, luzes e cores, e não vacila em se deixar tomar por tanta empolgação e deleite dos sentidos.

The sights, the sounds

They're everywhere and all around

I've never felt so good before

This empty place inside of me is filling up

I simply cannot get enough

I want it, oh, I want itOh, I want it for my own

I've got to know I've got to know

What is this place that I have found?

Em meio ao desespero instalado devido à sua ausência, Mr. Skellington volta da Cidade do Natal carregando alguns espécimes e muitas idéias. Chega todo empolgado e convoca a todos para descrever como foram suas fantásticas descobertas fora do limite da cidade. Genial; ele quer compartilhar seu aprendizado, oras! Mas fica bastante claro que a experiência passada/cultura da população limita sua capacidade de aprendizagem, e absolutamente ninguém consegue compreender o quadro que Jack está pintando. Não podia-se também esperar qualquer coisa diferente, não? O Esqueleto fica tentando racionalizar uma das coisas mais subjetivas que conhecemos: O Natal; época de amor e união entre os Homens (e entra os Duendes e o Papai Noel, na realidade da Cidade do Natal); e, portanto, não consegue nenhum sucesso. Para facilitar um pouco o entendimento de todos e aproxima-los de toda empolgação que está sentido, ele abre uma licença poética na sua descrição e descreve o Papai Noel como uma figura mais próxima dos habitantes da Cidade do Halloween, mas consegue apenas um resultado um tanto dubitável. There's sometihng here that you don't quite grasp

Well, I may as well give them what they want

(…)

Well, at least they're excited

Though they don't understand

That special lind of feeling in Christmas land

Oh, well... (grifo meu)

Dando continuidade à sua mania, Jack decide se aprofundar nos conhecimentos sobre o Natal. Dois caminhos de aprofundamento se impõem: Jack pode ler todos os livros que contam histórias de Natal (significando se envolver e tentar se aproximar subjetivamente daquele objeto de estudo) ou tentar quantificar e tornar reproduzível aquele objeto (utilizando-se da nossa tão familiar objetividade científica). Na cena seguinte Jack Skellington, o dono da verdade e do conhecimento naquele mundo, aparece trocando um livro do Rupert pelo Scientific Method.

Agora sim verdadeiramente empolgado – pois conhece as técnicas de observação, equacionamento e documentação científicas – Jack se debruça de vez sobre seus estudos. As pesquisas de Jack se baseiam naqueles diversos objetos que ele trouxe da sua única visita à Cidade do Natal e ele tenta compreender um fenômeno a partir de elementos física- e emocionalmente desprendidos do elemento central e foco do estudo: O Todo (no caso, o Natal, e não os objetos de decoração natalinos, entende?). Tudo isso Jack aprendeu com o Método Científico, né?

O Rei do Horror mantem sua frustração frente aos poucos resultados de suas elucubrações científicas. Nenhum de seus experimentos ou equações lhe deu a resposta de como reproduzir o Natal, mas ele mantem a Fé de que isto é possível. Mas algo muda no dia em que Sally decide dar-lhe uma prova de seu amor. A primeira verdadeira demonstração de emotividade da Cidade do Halloween faz se encher (também de amor?) o coração de Jack – tal qual ocorreu no dia em que ele conheceu a Cidade do Natal. EUREKA!

Quando toma tal atitude, Sally também se inflama de amor. Na cena seguinte ela pega um graveto no chão e ele se tranforma em uma árvore de natal – sinal de que, sim, o amor vai concretizar o tal sonho de Jack – mas logo depois esta se auto-incendeia – sinalizando que o mesmo acontecerá com o sonho de quem sempre esteve acostumado a produzir pesadelos. Mas com o Pumpkin King as coisss acontecem um pouco diferentes: Jack envereda por uma “psicose do coração cheio” – Não sabendo lidar com o sentimento/emoção que não é ensinado nem estimulado naquela Cidade do Halloween, Jack recanaliza suas emoções (paixão?) de modo a pensar que ele – que é quem mais sabe ali sobre aquele tal de Natal – é, à priori, o Rei do Natal, e que por isso pode automaticamente se apropriar desta festividade e faze-la aos seus modos e ordens. Nasce um ditador. Reich ia adorar isso (não o Império do Füher, mas o psiquiatra discípulo de Freud que escreveu A Psicologia do Fascismo, A Função do Orgasmo e A Revolução Sexual)

You know, I think this Christmas thing

Is not as tricky as it seems

And why should they have all the fun?

It should belong to anyone

Not anyone, in fact, but me

Whu, I could make a Christmas tree

Do auge do seu orgulho/conhecimento/bajulação, Jack ensina a todos uma função dentro do Natal.(Tenta substituir os elementos para reproduzir uma dada realidade dentro de outra). Tal qual tinha feito na palestra introdutória, Jack é superficial nos seus ensinamentos, deixando diversas falhas a serem preenchidas pelos próprios neo-Duendes para conseguirem fazer o tal Natal do novo Papai-Cruel.

As lacunas que faltavam para preencher o “Espírito de Natal” (elementos que Jack nunca chegou a conhecer nem deduzir de seus estudos científicos, ou que não soube como transmitir) foram preenchidas por aqueles monstros da Cdiade do Halloween com elementos da sua cultura local, obtendo um resultado simbolicamente desastroso – uma miscelânea desorientada de brinquedos-monstros e decorações mórbidas totalmente descaracterizada do verdadeiro Natal ou do verdadeiro Halloween. Dentro de toda sua empolgação, e tendo também ele sido enculturado pela Cidade do Halloween, Jack aprova a todo momento este modo de produção e seus resultados, sugerindo apenas que se substitua um rato por um morcego morto como chapéu e detalhes assim...

Um ponto interessantíssimo (dalê zidane!) desse Ato é a obstinação de Jack em seqüestrar o Papai Noel para mostrar-lhe o seu novo Natal. Para essa temível, perigosa, e maliciosa missão ele chama os maiores especialistas em travessuras de toda Cidade do Halloween: Três guris! Imaginem só: O Rei do Horror convoca três crianças para irem seqüestrar o Papai Noel...e essa criancinhas são realmente maravilhosas, planejando como prender o Papai Noel, espanca-lo, afoga-lo, assassina-lo e servi-lo como comida ao seu Boogie-Woogie-Moster, em uma das melhores cenas do filme:

É legal notar que Jack não poupa esforços para concretizar seu sonho de tomar pra sí o Natal. Nessa cena ele chega ao absurdo de corromper três criancinhas (que já eram páreas sociais, conforme demonstra a atitude do Prefeito ao vê-las) e envia-las em uma missão rumo ao desconhecido só para realizar seu fetiche de fazer o Papai Neol assistir o seu Novo Natal.

A despeito da insistência de Sally de que sua festa vai terminar em fogo e morte, Jack prossegue com sua fissura de realizar seu próprio Natal, substituindo o Papai Noel em sua função no mundo dos Homens, e distribuindo-lhes seus presentes feitos na Cidade do Halloween. (Aqui três realidades se chocam: Duas delas funcionavam interrelacionando-se de forma mutuamente benéfica, até a terceira desejar interferir nesta relação – com o objetivo de “dar férias” àquela segunda realidade).

Tudo cursa como em um pesadelo: As crianças acordam na noite de Natal e se deparam com um esqueleto vestido de vermelho colocando uma cabeça decepada sob seus pinheiros. Caos total; e Jack entende tudo aquilo como sucesso. Só depois de muitas conseqüências é que Jack se convence de que está fazendo mal para aquela sociedade/realidade e decide parar de interferir naquele feriado que não é dele, com o qual ele não está sequer acostumado e o qual quase destruiu.

Jack volta a Cidade do Halloween para resgatar o Papai Noel e faze-lo consertar as coisas no mundo dos Humanos (que estão totalmente apavorados frente ao fim do Natal e à perspectiva de um esqueleto os aterrorizar eternamente), e este o faz sem maiores dificuldades – visto sua relação altamente emotiva, recíproca e naturalmente verdadeira com aquela festividade de fim-de-ano.

Após toda a confusão – e do contato que todos os cidadãos da Cidade do Halloween obrigatoriamente tiveram com o verdadeiro Papai Noel e com alguns ensinamentos, ainda que supérfulos, sobre as outras realidades da Cidade do Natal e do Mundo dos Homens – o Gran-Finale começa com a passagem do Papai Noel e uma nevasca sobre a Cidade do Halloween. Ocorre então – e o filme deixa isto bem claro pela familiaridade dos cidadãos de Helloween com os elementos do Natal e com a própria neve; além de que a trilha sonora admite, então, uma cara de miscelânea mesmo, com a letra da Cidade do Halloween e a música da Cidade do Natal – uma fusão das culturas.

coloquei aki o gran-finale do filme, mas quem ainda não assitiu não me mate:

O mesmo não acontece, contudo, com os personagens das outras realidades – tanto os Homens (que se defendem e rechaçam a ameaça representada pelo Esqueleto) quanto os Duendes da Cidade do Natal (que, ao menos não aparentemente, não se apropriam dos elementos do Halloween por medo também talvez). Ambas sociedades rechaçaram o contato da outra e permaneceram no mesmo estágio em que estavam, porém mantendo todas as coisas em ordem. Na Cidade do Halloween foi diferente...

A moral do filme, yo creo, mostra que Jack foi – portanto – realmente um visionário e futurista (até mesmo comparado à Jesus Cristo, na cena em que ele renasce e é louvado pelos seus). Ele vislumbrou ser capaz de trazer para sua sociedade toda a riqueza de um mundo que ele uma vez efemeramente experimentou, mas enlouqueceu e tiranizou com a possibilidade de poderes que isso poderia representar. Apesar de toda confusão que tiveram que passar e desastre que causaram à outras partes (as demais realidades envolvidas na história) por causa da força do desejo de Jack Skellington, o Rei do Horror, os concidadãos de Jack foram os únicos de todo o filme que expandiram sua cultura, aprenderam novas informações e manusearam novos objetos. Jack foi um Antropófago e fez, assim, sua sociedade crescer e amadurecer. Pra quem já leu ali embaixo, Djoser também teve o mesmo destino. O papel de Jack Skellington, um líder visionário, mas momentaneamente louco de orgulho/conhecimento/bajulação, se mantem e se consolida.

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AGORA APROVEITE E BAIXE O FILME E A TRILHA SONORA DE THE NIGHTMARE BEFORE CHRISTMAS (O ESTRANHO MUNDO DE JACK) E SE DIVIRTA PENSANDO!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Em homenagem a querida japinha que insistiu pra eu reescrever...

Post-Secret é um blog/comunidade de arteiros que está usando a internet e toda a anonimalidade que ela nos concede pra mostrar pra todo mundo aquilo que é óbvio, mas ninguém admite: Que todo mundo tem, dentro de sí, três tipos de segredo - os que nós contamos pra todo mundo, os que nós contamos pr algumas pessoas e os que nós não contamos nem pra nós mesmos. O blog do Post Secret está lotado destes últimos...e pode acreditar que você se choca deveras imaginando quem foi que escreveu que Being a SLUT my way to find my LOVE e outras coisas que dão "o colorido e o tempero da vida"...

PS: Glá, prometo que ainda escrevo um texto; mas como vc me disse que ficava ansiosa esperando o domingo chegar, eu coloquei aki pra vc ter sempre uma desculpa pra me revisitar...bjos,

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Howard Bloom
The engines of the Western System lie in the emotional core of you and me.
O Humanismo têm o Homem e seus sentimentos/pensamentos como centro da percepção existencial humana. O Pensamento e a Crítica, estando dentro destes portanto, devem se voltar para a contemplação de: (1) A constituição e formação antropológica – de onde viemos e como chegamos até o ponto em que nos encontramos neste dado momento; como evoluíram nossas constituição física (corporal individual) e filosófica (conhecimento humano e forma de processo mental – que, obviamente – mudou desde os primórdios) ao longo da História humana. (2) Como dirigiremos e melhoraremos tanto o Homem quanto a Sociedade este momento presente e evolutivo, valorizando o pensamento e suas formas de encaixe dentro deste continuum biopsicosocial (Homem-Sociedade).
Entendeu??
Daldon
Em oposição a ele está o Pragmastismo/Tecnismo humano – que põe a construção material como centro da vivência humana. É a visão preponderante na sociedade pós-moderna/industrial (sociedade unificada-eletrônica-tecnocrática???) atual, e rejeita grande parte daquilo que pode ser produzido pelo raciocínio Humanistico por se acreditar que esta lógica existencial pode – sim – resultar em produções materiais (e não somente abjetações teóricas), porém não o faz “com maior produtividade”. Nesta lógica é, portanto, mais fácil descartar e descaracterizar todas as vivências subjetivas e consumir apenas aquelas que nos permite o sensualismo tátil ou visual. Vislumbra-se um profundo enraizamento materialista na lógica Pragmática, de onde, inclusive, frutificou e amadureceu o Capitalismo Consumista que consome a sociedade atual.
O momento antropológico, contudo, nos leva a perceber que negar muitos dos aspectos presentes no raciocínio humanístico – por simples convenção – é negar a si própria o desenvolvimento. A percepção que digo necessária passa pela observação do desenvolvimento histórico humano, podendo observar que ao longo da História já houveram dois importantes momentos de desenvolvimento humano em que se utilizava a lógica Humanista: a Grécia Antiga e o Renascimento.
É inegável que a sociedade humana só nos permitiu chegar a este estilo de vida que levamos hoje graças a apontamentos feitos em seus primórdios – tanto ideais de cooperação (humanistas) quanto de destruição e competição (pragmáticos, que lidam com idéias materiais e portanto efêmeras.
Por que então negar que a lógica e o raciocínio Humanístico não podem prover bases firmes e válidas para o uso e desenvolvimento das ferramentas e conhecimentos que dispomos hoje com a finalidade de prover uma sociedade mais igualitária e sustentável aos que virão?
“Não herdamos o mundo de nossos pais Apenas o pegamos emprestado de nosso filhos” Amish People

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A Juventude contempla o Mar


Pandeglang, upload feito originalmente por campotta.

You fight, work, sweat, nearly kill yourself, sometimes do kill yourself, trying to accomplish something- and you can't. Not from any fault of yours. You simply can do nothing, neither great nor little-- not a thing in the world
Isso só poderia ter acontecido em uma mesa de bar, onde os homens verdadeiramente se revelam através de suas palavras...
O conflito da perda (desta vez, da juventude) entra em discussão nesse livro de 1898 - no começo da fase "madura" e autobiográfica do autor. Conrad empresta ao seu pesonagem sua história de viagem ao Oriente; como já foi dito por outro, é interessante observar o que um homem maduro parou para escrever a respeito de tantas primeiras-vezes: É a primeira aparição de Marlow, contando sua primeira viagem, tendo seu primeiro cargo de respeito, navegando junto à outro iniciante.
A perda, das virgindades portanto, é patente.
A fantasiosa biografia do jovem que embarca em um barco deprimente para "Fazer ou Morrer" já anúncia o destino do barco e do homem em suas primeiras estrofes: You fellows know there are those voyages that seem ordered for the illustration of life, that might stand for a symbol of existence. You fight, work, sweat, nearly kill yourself, sometimes do kill yourself, trying to accomplish something- and you can't. Em momento algum, contudo, o Homem ou o Barco se entregam frente à sua inexorável luta: deste pela existência, e daquele pela conquista do seu sonho idealizado.
O Judea é terrivelmente caracterizado desde o princípio. É um objeto que traz problemas ao seu detentor em todos os momentos: Atrasa para sair do ancoradouro, se choca e quebra na sua primeira parada, recolhe a carga três meses depois do combinado, enche de água, a carga incendeia, explode e - finalmente - o leva à pique. Seria um caso particular de falência total sob ponto de vista comercial. Aos olhos de Marlow, contudo, é um caso particular de paixão e empenho, ou daquilo que ele chama de a touch of romance in it, something that made me love the old thing--something that appealed to my youth!
Marlow tem empenho a todo momento. Nunca reclama da situação - não por comodismo ou por repreensão, mas por verdadeiramente explorar, viver e se deliciar com cada um daqueles momentos. É ele quem acompanha o conserto do barco e é ele quem bombeia água para fora e para dentro para manter o barco viável. É ele quem comanda umas das barcas de resgate (a que, pela força da juventude - como ele mesmo diz - chega primeiro à terra firme) e chega vivo vinte anos depois para contar sua história aos convivares.
As interpéries da vida nos são infinitas e irremediáveis. O mar era irremediável para o Judea assim como a experiência era irremediável para Marlow. O barco era poroso assim como era, também, Marlow. A todo momento as interperanças furiosas da vida, arrebatadoras e promotoras de todos tipos de destruição física e psíquica humana, penetram ou extravasam pelos poros existenciais do Ser-Humano. Para manter sua viabilidade, a todo momento Marlow necessitava expusar ou se completar com estas poderosas forças da natureza; a todo momento ele bombeia o elemento externo da água para o elemento interno do navio: Inicialmente ele tenta expulsar essa força que tenta, invarialvelmente e de diferentes formas, penetrar e destruir sua vida; e em um segundo momento ele busca justamente este mesmo elemento para lhe salvar a vida, quando a sua efervecência interna (ou o fogo no porão) ameaça retirar essa mesma vida. Nos dois momentos, é importante notar, o Indivíduo trabalhou com problemas e situações que vinham do porão do navio, i.e., ele teve de trabalhar com os elementos que emergiam das suas profundezas escuras para poder continuar a sobreviver.
Todo esse embate do Homem com o Mar, tendo como interposto o Barco, chega a um fim finalmente. As crepitações internas crescem e emerem e levam o Barco à pique. A cena que Marlow assiste, em seu processo de desvirginação, com intensa emotividade as figuras mais velhas assitem com calma e previsibilidade.
A força da juventude do personagem retorna, então, após esse evento. Posto na liderança de uma das lanchas de resgate o jovem e seus dois camaradas mostram toda a disposição e fazem com que um embarcação bastante simples - que não os engloba nem os separa fisicamente do mundo, como a antiga - chegue a um local que não é o objetivado, porém que serve muito bem como objeto dos sonhos de Marlow. O sonho não é, portanto, conquistado de todo, mas uma situação que se impôs ao longo da vida do Indivíduo o faz pega-la como objeto dos sonhos; ou seja: Marlow consegue um remendo do que era seus sonho. A conquista deste "remendo", conntudo, carrega o vislumbre da conquista de um sonho verdadeiro: It was impalpable and enslaving, like a charm, like a whispered promise of mysterious delight.
É esse então o processo da Juventude? Resguardamos nosso interior com todas as nossas forças e mecânismos que dispomos para que depois este mesmo elemento interior ferva e atinja um ponto em que destrói a carapaça que nos tira do contato direto com as interpéries do mundo; e são estas interpéries, justamente, que nos dão balizamente e ferramentas para moldar toda a efervecência interna - de modo que ela chegue ao ponto de destruir a carapaça que nos recobre (mas que não nos pertence, como o Judea não pertencia a Marlow) mas nos deixe prosseguir navegando - agora em uma condição mais íntima - no mar da vida. Essa situação imposta (e/ou conquistada?) é que nos permite continuar vivendo, mas não para atingir aquele objetivo demasiadamente idealizado que desejamos, e sim para conquistar aquele objeto que nos é possível e ao qual a vida nos permitiu chegar. A conquista deste, contudo, valerá mais.
Sendo contemporâneo às primeiras teorias freudianas, um recado Conrad não deixa passar: O processo da vida só continua a partir do momento que você aplica todas suas forças em consertar aquilo que está em suas entranhas - Marlow cuidava dos porões, nós temos também o que secar e encharcar...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O exemplo de Sakkara e da força do desejo de Um

upload feito originalmente por Gabriel Mococa.

Cinco mil anos atrás Djoser, um Ser-Humano que já não mais consideirava ser humano - tantas eram as forças convencendo-o de ser um Deus - pediu ao seu arquiteto Imothep que construísse um túmulo digno de sí. Pela primeira vez, então, foram empilhados túmulos planos, e obteve-se a primeira pirâmide da história (quem sabe, diverge-se, a primeira grande edificação humana): A Pirâmide de Degraus do Planície de Sakkara. Aos fundos da pirâmide está a tumba mortuária. Por um pequeno orifício podemos observar o descanso eterno daquele que se considerava um Deus e - por isso - levou os Homens à criar a primeira grande edificação da história. Recuperando a imagem que já paira na minha memória antiga, penso que há sobre o que refletir após tanto tempo. Imaginem um bebê. Desde seu primeiro contato com o mundo (e com certeza mesmo antes disto) ele teve estímulos sensoriais privilégiados em relação a todos que o cercavam. Enquanto os outros bebês repousavam em palha junto com camelos e brincavam com a areia do deserto, ele desfrutou de artefatos e brinquedos multicoloridos, sabores mais curiosos, estudos mais refinados e um chão mais gostoso de pisar. Quando ele virou uma pequena criança, passou a compreender que seus pais - suas figuras máximas e de representação - podiam Querer mais do que os outros; e mais do que isto: Todos insistentemente o lembravam de que ele seria ainda mais do que aquilo. Será que ele teve crise de adolescente? Esbravejou e achou que não queria ser Onipotente? Percebeu que era um Ser do Desejo e que, mesmos estes satisfeitos, ele iria querer mais? Eu acho que não. Creio que ele realmente nasceu e por todo segundo da sua vida acreditou ser um Deus que pairava e podia obter entre os Homens. O por quê dele ter desejado se imortalizar não me cabe especular aqui. Talvez por inovação à tradição, talvez por megalomania ou senso estético; sei lá e isto pouco interessa. O que me interessa perceber aqui é o fato de ele DESEJOU ser imortalizado daquela maneira, e que somente isto bastava para que, por todo seu reinado, homens morressem para construir apenas o que aquele Ser-(quem sabe)-Humano desejou.

A força do desejo de um só indivíduo fez com que a toda a civilização humana progredisse. É Humana tal natureza? Como Ele e ele lidaram com isso? E como lidou Djoser com o fato de lhe ser recoberto por toneladas de pedras e visível apenas por um pequeno orifício? Terá ele aprendido com a PERDA de toda aquela visibilidade e com sua RESTRIÇÃO à uma pequena entrada de luz? E terá ele aprendido com todos os olhos cintilantes de curisiodade que o fitaram ao longo destes 5000 anos?

Com o que aprenderia o Ser-Humano? Com o que aprenderia o Deus?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

8am. O caos instalado. Uma multidão de pessoas acotoveladas.
"Doutor, chamei seu paciente por engano"
Ao fundo, empurrada pelo marido e um par de rodas, aparece uma menina.
Ô abram alas, que eu quero passar...
Será ela estava mesmo pensando nisso??? Provavelmente não; a horda apenas se abria pra ver passar aquele rosto sofrido de apenas 26 anos que tinha viajado por seis horas para chegar lá, onde ela acreditava que poderíamos ajuda-la. Eu, contudo, naquele momento sabia que não.
"Bom dia, meu nome é esse e estou aqui para lhe atender hoje"
"Trouxe os exames Doutor"
"Infelizmente, querida, tenho de lhe dizer que continuamos sem decifrar de onde vem sua angústia. Já lhe demos 50 poções mágicas que lhe mudaram os humores, lhe observamos sob todos ângulos, caminhos e orifícios, e a vimos brilhar como qualquer outro sequer pode imaginar. A Natureza, contudo, é de natureza indecifrável e permanecemos sem conhecer a doença que te afeta. Afirmo que teremos de continuar esta penosa e infinita investigação para podermos atingir o ponto a partir do qual iremos buscar a solução do segundo problema; e quando este estiver resolvido - e caso estejas ainda viva até lá, querida - poderemos começar a lhe considerar próxima de curada. Entende?"
O Marido segura as lágrimas.
Ela se contorce por dentro, quem sabe, mas serenamente diz que deve continuar seu simples caminho.
David Ho - Comtemplantion 18
Como se deve fazer para avisar uma pessoa da morte (incerta talvez) eminente? Como ela, sabendo mas pouco entendendo, vai "seguir seu caminho" junto com seus tumores de fígado e estômago e toda uma vida pela frente? "A vida que poderia ter sido e não foi" caminha para onde? Não sei. E o que dizer à dona de tal vida então??
"É verdade que a esperança
se deve regar com orvalho?"
Pablo Neruda
El livro de las perguntas

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Início de tudo

O começo disso aqui, que eu pessoalmente não sei no que vai resultar, está se dando em um simples dia de segunda-feira. Acabei de voltar do Hospital e estou em casa, excepcionalmente, às cinco. A bem da verdade, estes não são tempos exatamente "simples", como eu acabei de dizer. Ando passando uns dias de provação... Abusei do descontrole financeiro nos últimos meses e nos últimos dias tenho vivido plenamente a FALÊNCIA. Sim, ando totalmente quebrado - não que minha vida financeira fosse grandiosa, bem organizada ou, sequer, própria - e não gasto um só real próprio há uma semana. Meu irmão financiou o mercado da semana e estou me virando com isso... Mas afinal, o que traz à mim o passar por uma situação de provação? O que florece em mim após a passada por algum período em que não posso satisfazer meus desejos - alguns deles triviais, outros nem tanto? Acho que as perguntas serão respondidas pelo senhor de tudo: o Tempo; que eu desejo que seja curto. Jó desejou o mesmo, mas talvez de uma forma diferente. Phillip Carey é a figura mais próxima, talvez por sair do mesmo círculo, porém cair para muito mais longe do que eu espero cair. De qualque forma, ele aprendeu muito tanto com a queda quanto com o retorno e com o abandono de tudo depois, sempre sob uma perspectiva estoicamente pró-ativa (Se é que os filósofos me permitiriam usar tais termos); e eu acredito ter aprendido a aprender com as infatibilidades da vida lendo sobre ele. Eu recomendo que faça o mesmo: Tão apaixonada e vária, esta vida tão plena e tão rica lhe dá vontade de conquistar mais Servidão Humana
Of Human Bondage
William Summerset Morgan (1874-1965)
Baixe em: http://www.gutenberg.org/etext/351 Saiba algo sobre em: http://en.wikipedia.org/wiki/Of_Human_Bondage Viva a informação livre!